terça-feira, 10 de janeiro de 2012

11.01.2012 01h15 Aeroporto de Heathrow

4a feira 11 de Janeiro de 2012 01h15 Londres Aeroporto de Heathrow Terminal 5.

A primeira parte da viagem até aqui foi feita desde Faro. Vôo anteontem 2a feira 9 de Janeiro às 8h05 até Londres. Aliás, antes disso a viagem começou a ser desenhada às seis da manhã no Aldeamento Planalto onde um táxi me esperava para me levar ao aeroporto de Faro. Estamos em Heathrow à espera do vôo das 06h20 que nos irá levar até Madrid onde fazemos escala para o Panamá. A razão de já estarmos no aeroporto? Monetária. Uma ida de Londres até ao aeroporto são £2.90 e um táxi £35. Não há metro à noite, portanto a única maneira de chegar até aqui é apanhando dois autocarros nocturnos (2 horas) ou apanhar um táxi. Não somos as únicas aqui. A maioria dorme, eu escrevo. Palpita-me que não faltará muito para também eu adormecer. Tenho despertador para as 04h30, porque a entrega de malas no check-in abre às 05h00. Uma rapariga três cadeiras ao lado ri, olhei e ri sozinha. Deve estar a ver um filme no computador. A maioria, como disse, dorme ajustando-se como pode estilo caracol nas cadeiras incómodas do Terminal 5. Lembro a todos que em Portugal há cadeiras estilo preguiçadeira com banquinho para os pés e tudo. Será um questão cultural, como sempre justifica a minha mãe? Só sei que chegarei ao Panamá com o rabo quadrado de tanto estar sentada. Comecei a ler o livro do José Luís Peixoto, ‘Abraço’. Desde que li duas linhas naquela livraria na Baixa sabia que ía gostar. Por isso pedi à minha tia que mo oferecesse pelo Natal. Obrigada tia. E gosto, gosto muito. Pelo menos as dez páginas que li no metro a caminho do aeroporto. A verdade é que acabei a viagem de quarenta cinco minutos de metro a pensar ‘Que rápida foi esta viagem!’. Se calhar li mais do que dez páginas.

Não quero escrever ‘apenas’ um diário de viagem, quero escrever o que me apetecer. As palavras aqui escritas serão conjuntos de sílabas de uns olhos meus. Se são poemas, prosas, datas, fotos isso não importa, tudo isso é irrelevante. O que conta são estes olhos meus e a tradução, seja em que género ou forma fôr, para palavras, uma duas ou cem até, desse ver. Em Portugal diz-se que não há horários para nada, mas foi na Gâmbia que senti pela primeira vez o real significado dessas palavras. Não há realmente horários para nada, o que para quem está de férias é muito relaxante. Quer dizer pelo menos para uma pessoa como eu. Na Gâmbia, ‘No Problem!’ e um sorriso largo, eram as palavras e e as imagens mais ouvidas. As imagens também se ouvem, um sorriso largo cria um riso, um mar revolto cria um splash, uma criança sem sapatos ou sequer chinelos cria um choro.  Há coisas que chamam mais a atenção de umas pessoas do que outras, e a mim ver miúdos na rua sem calçado confesso que me faz confusão. Acredito que todas as crianças deviam ter o que calçar. Deviam até puder escolher se hoje lhes apetece calçar uns sapatos ou uns chinelos de meter no dedo. Se calhar por, desde pequena, os meus pais sempre terem insistido tanto comigo para andar sempre calçada e eu recusar com uma convicção que só as crianças de 5 anos têm. ‘Filipa, vai calçar os chinelos’, ‘Filipa, andas descalça, depois diz que te constipas’. Hoje a cena repete-se com a minha sobrinha Joana. Já muito convicta e ainda só tem 4 anos e meio. Agora insistem comigo para andar calçada não por mim, mas por ela. ‘Calça-te Filipa, porque se a tua sobrinha te vê assim quer andar descalça também’. ‘Filipa é Inverno, não andes de chinelos senão a tua sobrinha também quer’. Mudam-se os tempos, mas de uma maneira ou outra há que andar calçado e bem calçadinho. Com a meia a condizer com a camisola, insiste a minha mãe numa batalha que nunca entendi a razão de a travar. Para não haver chatices, há um ano atrás tomei a, brilhante digo eu, decisão de comprar apenas meias pretas e cinzentas escuras. Naquele mistério que é quando se tira a roupa da máquina de lavar roupa sempre e há uma meia que desapareceu sabe-se lá para onde, assim não há problemas. As meias são da mesma cor, quem é que vai saber se as meias são iguais? Como diz a minha amiga Teresa, há que simplificar a vida. E, eu como boa ouvinte que sou, levo isso muito à letra. Até na compra de meias. Cada pessoa que ler isto e, a partir de agora, sentindo-se inspirada e adoptar a compra de meias de apenas uma cor deve-me 1€ para eu comprar una cervezita no país em que estiver. Combinado?

Cidade do Panamá é a capital do Panamá. Panamá, Panamá… há o canal e…?

COLOCAR MAPA DO PANAMÁ

A verdade é que ainda não sei muito. Vos direi quando lá chegar. Em prosa, relato ou poema é impossível de decidir até chegar lá. Ainda se lembram quantos vôos faltam? Vamos recapitular… Faro-Londres: Já está!; Londres-Madrid e Madrid-Cidade do Panamá.

‘Sai um poema

amolecido pelo tempo de espera

sentada e enternecida

por um lugar que leva

sempre

alguém a ver outrém.

Que tranquilidade.

Surpreendente talvez

para alguém como eu

que não gosta de estar

onde os pés não tocam a terra.

Há sempre beleza

nos diferente acertos dos ponteiro

de qualquer relógio

e, a beleza, que vejo agora

é essa. Tranquila e surpreendente.

Assim mesmo, tudo num só parágrafo.’

Vou tentar dormir um bocadinho, mas primeiro vou acabar de comer o meu bocadillo de jamón y tortilla. Que rico está!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Algarve 08.01.2012

O Algarve é assim
sereno
a ria
o mar.
Pode esconder coisas
que o Verão disfarça
mas é assim.