quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Li hoje 04.10.2012




Li hoje que quando acordamos a boca sabe a folha de papel, normalmente escuto dizer que sabe a sapato. Sabe ao que nós quisermos. Não sei se será melhor escrever antes de ir trabalhar ou depois de sair. Antes é como se tivesse todo um dia pela frente ainda por acontecer, como se o trabalho fosse o evento dominante do dia. Normalmente é, porque nos rouba, às vezes empresta, oito horas e meia em vinte e quatro. É essencial quando escrevo pensar em qual é o tema das minhas palavras. Muitas vezes preocupo-me mais com a pontuação ou falta dela. Preocupo-me com a escolha de palavras e confesso sentir uma certa obsessão por sinónimos. Busco-os, para que a minha linguagem simples não se torne repetitiva. O amor é o amor, a amizade é a amizade. Haverá sinónimos para sentimentos? Ou explicações? Traduções? Palpitações? No fundo nada significa nada senão a próxima palavra. A anterior já foi, já foi escolhida, escrita, lida e o que a torna intemporal? O que torna o que escrevo intemporal? O que a torna actual se já foi ultrapassada por outras sílabas? O que torna este sentimento intemporal? Esta atitude? Vontade? Quando acordamos o mundo sabe a novo. E talvez um bocadinho a folha de papel e sapato.