quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Otelul Galati – Benfica 27.09.2011

Otelul Galati – Benfica
no Sintra, não num sítio qualquer
27.09.2011


Eram sete horas quando cheguei ao café Sintra. O jogo começava às 19h45 e eu tinha intenções de comer meia dose do prato do dia antes do jogo começar. Regra número 1: nunca comer durante o jogo e nunca esperar por depois, porque se há derrota a consequência é uma azia muito grande.
Pedi meia de pataniscas de bacalhau e arroz de feijão regados com uma coca-cola. Desta vez não houve Super Bock, estava cansada e depois do jogo ainda há um autocarro para apanhar para casa. Esperei mais do que estava à espera pelo jantar, mas valeu a pena porque a comida estava como se quer. Duas pataniscas de bacalhau, umas colheradas de arroz de feijão depois e o Benfica já ganhava por um a zero. Resolvi arriscar a azia e pedi um pastel de nata acompanhado de um café pingado. A nata estava boa e a chávena de café escaldada como se quer.
No entretano, alguém grita do fundo do café ‘Filipa, ó Filipa, a patanisca ‘tá boa?’, ao que eu respondi ‘tá boa sim, um pouco insossa, mas como o arroz está um pouco salgado, fica tudo equilibrado”.
O jogo continuava morno e os clichés voavam a grande velocidade: “se nao marcarmos o segundo, ainda sofremos o empate”; “temos que rematar mais de fora da área”; “tira o Cardozo, esse molenga é sempre o mesmo”. Não sei se se referiam ao “mesmo” Cardozo que marcou um dos melhores golos de que há memória contra o Manchester United… ou o “mesmo” Cardozo que falha mais penalties do que devia. É o chamado jogador que “divide opiniões”.
Dada a temperatura amena do jogo e também do clima em Londres esta semana (27 gaus acreditem ou não!), a conversa na minha mesa derivou para outros assuntos… Porto.
Sem surpresas, todos concordámos que a camisola do Benfica sem o azul da TMN no logotipo fica muito mais bonita. Para quem não sabe, milhares de adeptos do Benfica fizeram uma petição pedindo, perdão exigindo que a TMN retirasse o azul de fundo do seu logotipo porque Benfica é vermeho e a cor azul nas suas camisolas é sentida como um insulto, quase como uma afronta!
Da conversa sobre o azul da TMN passou-se para uma análise mais geral sobre a cor azul. Eu disse que, por acaso, roupa azul até nem tenho muita. Ora, um dos meus companheiros de mesa, disse: ‘epá vermelho é um bocado garrido para andar todos os dias, em dia de jogo tudo bem, mas no dia-a-dia uma camisa azul fica bem’. Diz o outro: ‘pois, eu também acho, assim um azul clarinho’, ‘há aquele azul muito bonito, que cai muito bem, como é que se chama… ah já sei, azul marinho’, ‘sim, sim azul marinho fica muito elegante’. Quando dei por ela, já estava eu a concordar, que sim senhora uma camisa azul marinho com uma calça beige fica uma categoria!
A conversa mudou para o jogo de dia 22 de Novembro contra o Manchester United- estou a tentar convencer o Manuel a ir ver o jogo. Eu posso ir na excursão do Cultural (que está em negociações para ser a Casa Oficial do Benfica em Londres para que saibam) mas preferia não ir sete horas no autocarro cheio de ‘especialistas’ do Benfica.
No futebol há tribos, eu sou da tribo do Benfica e em Londres sou da tribo do Sintra.
Pai não queres ir a Manchester? Já sei, já sei… ‘epá tu és mas é maluca, julgas que o dinheiro cresce nas árvores?!’
Crescer não cresce, mas há que gastá-lo em coisas que valham a pena… e tu sabes que o Benfica vale!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A janela 28.09.2011

A certeza
duma janela de quatro lados
faz-me crer que
que afinal nem tudo é certo
como eu pensava.
Fazem-me crer que
estou errada
que as coisas
não são como eu as vejo
como eu as sinto
Afinal nem tudo
é uma chuva inconstante
nem uma vontade inerte
de ser melhor
afinal talvez seja degrau
de infinitude

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Harmonia 08.07.2011

Harmonia
neste andar
de um sítio para o outro.
Flor sem estufa.
Tudo tão raro
Tão estranho
tudo vivido numa ilha
serei só eu e a minha mente
outra vez
e não quero
desde sempre foi assim

Não há razão maior 26.09.2011

Não há razão maior
do que esta certeza absoluta
vinda de dentro.
Esse teu amor declarado
tímido e assinado por beijos
é desejo achado
e jamais perdido.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pouco importa 21.09.2011

Não sou eu quem escreve
mas pouco importa
que não o seja.
Importa sim
que sacuda
com vontade
as palavras dos ombros
importa que o peso
se torne leve.
Aconteceu-me
querer mais
e folheando
vou encontrando as palavras
as duas vogais
e como diz a canção
‘o meu melhor amigo
é o meu amor’.

A questão 21.09.2011

A questão é saber
onde pus a esperança
esqueci-me ou
perdia-a entre as ansiedades?
Não me parece
que o meu coração
o permitisse.
Que nem barco sulista
ou fósforo acesso
ou finta que dá golo
meti a mão no bolso
e achei
o que nunca perdi.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Antevisão Porto-Benfica 20.09.2011


Porto-Benfica Sexta-Feira 23.09.2011
Sexta-feira é dia de Porto-Benfica, um dos dois dias mais importantes do calendário do futebol português. Mais importante só o Benfica-Porto na Luz. A minha mãe, tal como muitas outras pessoas, abstem-se de ver televisão nos dias que antecedem este jogo, porque não se fala de outra coisa.
Entrevistam-se antigas glórias, recordam-se resultados de outrora e buscam-se estatísticas e factos totalmente irrelevantes, mas que fazem manchete nos diversos jornais desportivos.
Sim, já todos sabemos que antigamente o futebol era diferente, que os jogadores não recebiam muito e havia muito amor à camisola, que é mentira quando um jogador diz que encara este jogo como outro qualquer e já todos sabemos também que o Porto tem ganho mais coisas ultimamente, mas que o Benfica dominou noutras décadas.
Pensando bem nas coisas, talvez a minha mãe veja um pouco de televisão esta semana, para desanuviar das constantes notícias sobre a crise. Parece um pensamento surrealista a minha mãe ver futebol para se esquecer de algo… mas essa é a razão pela qual muitas pessoas vêem futebol, para se distrairem e nada mais.
Eu vejo futebol para me distrair, mas também por um sentimento de pertença. Eu sou benfiquista, como sou lisboeta, como sou portuguesa.
Enquanto benfiquista, a maneira mais fácil de exercer a minha lealdade é vendo os jogos, ver os golos inúmeras vezes e acompanhando a equipa nos jornais.
Enquanto lisboeta, os meus deveres incluem ir ao Santo António em Junho, prometer lealdade à sardinha no pão fintando as espinhas, temperar a comida apenas com salsa e coentros e jurar a pés juntos que se cheirar um manjerico directamente ele morrerá mais cedo.
Enquanto portuguesa, aí os deveres são mais alargados… prefiro falar dos direitos que incluem usufruir de um sol lindo e de umas praias como não há nenhumas.
E esta sexta-feira que nunca mais chega...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Benfica-Man United 15.09.2011

O estádio fervilhava antes do jogo. No café ‘Sintra’, onde religiosamente vejo o Benfica, a casa estava cheia. Não 64000 como na Luz, mas também casa cheia. Em terras inglesas come-se cedo, portanto não me estranhou jantar um belo bacalhau com natas às 18h45.
A hora do jogo chegou e estávamos lá os do costume. Respirava-se confiança, não se sabe muito bem vinda de onde, porque o Manchester vem realizando exibição atrás de exibição espantosas.
Os jogadores mostravam-se confiantes empolgados pelas milhares de cartolinas vermelhas e brancas que em harmonia liam BENFICA.
O jogo dava na televisão inglesa, mas todos concordámos que não é o mesmo ver este jogo em casa ou no café. O café cheio de benfiquistas é o que de mais próximo com o estádio nós temos. Próximo do relvado, do banco de suplentes, da camisa larga do Jorge Jesús, daquele ambiente. “É em situações como estas que tenho pena de nao estar lá” ouviu-se no Sintra mais do que uma vez.
Começa o jogo e o Benfica não demora muito a mostrar que estudou a sua lição. Deixou o Manchester bailar com a bola, mas nunca perto da baliza do guardião Artur. O Maxi e o Rúben Amorim jogavam muito juntos, não atacando muito pela ala direita. Na ala esquerda a história era outra e o protagonista dava pelo nome de Nico Gaitàn. Talvez empolgado pelos elogios de Sir Alex Ferguson, o argentino fez quatro dos 14 (!!) remates do Benfica contra apenas 4 do Manchester United. Ora não foi com um golo que Nico mostrou o que vale. Ao melhor estilo argentino, o esquerdino do Benfica fez um passe de trivela para o romântico Óscar ´Tacuara´ Cardozo que deixou todos os adeptos apaixonados pelo seu golo. Pura magia: recebe a bola, controla de pé esquerdo e com uma certeza (im)possível remata de pé direito. Para quem não sabe, o atacante paraguaio é esquerdino e daqueles esquerdinos que usa apenas o pé direito para caminhar…
No Sintra estavam duas televisões a mostrar o jogo, uma na esplanada com os comentadores ingleses e outra dentro do café na Sport TV.
Ora a transmissão inglesa estava adiantada meio segundo, de modo que de repente todos saltam e gritam na esplanada e eu sem perceber porquê. Quase que perco o golo e naquele segundo arrasto os meus olhos para a Sport TV e vejo o que já todos sabem… fez-se magia na Luz.
O passe, o golo, a cara do Tacuara sem acreditar no que tinha acabado de fazer, os gritos, a loucura. Será importante falar do resto do jogo? Pois, o Ryan Giggs marcou um golo e o resultado final foi um empate a uma bola.
Mas aquele golo já ninguém me tira.

Sei porquê 15.09.2011

É incrível como
me sinto agora tranquila
e sei porquê.
No entanto
gostava que fosse
por outras razões
Há sempre esta calma
como se estivesse a ver
tudo pela primeira vez,
admirando coisas que já vi
vezes sem conta.
Toco a minha cara
como que confirmando
que sou eu mesma.
Tudo me parece novo
e, talvez por isso,
sinta também
esta
tranquilidade.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O medo do que não existe 14.09.2011

O medo do que não existe
muitos concordarão ser
desnecessário.
O que se teme afinal?
Arregaço as mangas
tentando compreender
o que não consegui
ainda decifrar.
Rasgo de luz
componente exterior
soluços que me dão razão
encontro-me contigo
e, não sei o que dizer
pergunta-me se quiseres
mas não esperes nada

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A condição 13.09.2011

Sempre me senti uma
convidada desta vida que
supostamente
me pertencia.
Tanto jurava
ser protagonista como
dava passos
desejando entregar
por uns dias
essa responsabilidade
e recuperá-la apenas
quando me apetecesse.
Vivia a sentir
os dois papéis
rasgando um
alinhavando o outro
porque a condição
de ser frágil respira por entre
um coração que nunca se
esconde.

Fácil 13.09.2011

Ser quem não sou
era fácil
mas irreal
não quis esperar mais e
docemente
troquei os sentidos
e que nem chuva de Verão
apareci inesperada
na minha própria vida
vi o meu amor tratar
do resto
basta o que eu fiz
acabou

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A canção 08.09.2011

E assim
sem o esperar
como um reflexo que não contenho
adoro-a ainda mais.
Nunca mais a vou esquecer
as palavras cantadas
e o mais impressionante
é que eu já a conhecia
há muitos anos
e sempre concordei
com a sua elegância
Por dentro nada está extinto
e, por fora,
essa canção que pertencia
ao mundo
é minha agora, é nossa.
Os vestígios estão reunidos no meu
coração.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Carlitos ‘El Apache’ Tevez 07.09.2011

Carlos Tevez é um jogador de futebol que admitiu esta semana ter sofrido uma depressão, o que levou a que tenha engordado cinco quilos.
Ora aquilo que um adepto não perdoa é ver um jogador com quilos a mais. De repente, é aceitável apelidar um jogador de ‘gordo’ e dizer-lhe isso na cara. Torna-se aceitável que mais de cinquenta mil pessoas gritem durante uma partida ‘gordo! gordo! gordo!’. Outra coisa imperdoável, do ponto de vista do adepto, é um jogador conceituado, de renome, que ganhe muito dinheiro, falhar um penalty. Ainda para mais falhar um penalty ao serviço da selecção do seu país numa competição internacional.
Quem segue futebol sabe perfeitamente que as exigências do país onde nascemos correm paralelas às exigências da nossa família.
Não tem nada a ver com o que é esperado desse jogador no clube onde joga. Aliás, piora e em muito a situação do jogador se ele marcar muitos golos pelo seu clube, mas nenhum pelo seu país.
Ora tudo isto aconteceu a Carlitos Tevez, o ídolo argentino, na última Copa América.
O mesmo Tevez que, ousou anunciar ao mundo que não gostava de viver em Manchester, onde ganha mais de duzentas mil libras por semana e que queria mudar de clube. Queria mudar para estar mais perto das suas duas filhas pequenas que não se adaptaram a viver em Manchester.
Confesso que tenho sentimentos contraditórios em relacção a este caso, talvez por ser uma grande fã de Carlitos Tevez desde os seus tempos no Boca Juniors e depois no Corinthians.
A um atleta que ganha tamanha fatia de libras exige-se-lhe que faça a sua parte, isto é, que vá aos treinos, que jogue bem, que marque golos. Ora o jogador argentino faz isto tudo. Mas também se exige que faça isto tudo com um sorriso nos lábios dentro e fora do campo, sem nunca se queixar. Tevez cometeu o erro fatal de se queixar. E de ‘barriga cheia’ como se costuma dizer. Mas se o dinheiro não traz felicidade, que relevância tem o Carlitos ganhar mais de duzentas mil libras por semana em relação à sua felicidade? Aqui é que eu fico um pouco confusa.
No outro dia li que a dor resolve-se sozinha, mas para sentir por completo o valor da felicidade há que ter alguém com quem a partilhar. O argumento do Tevez é que a sua família não quer viver em Manchester, donde se conclui que a sua alegria não é partilhada, logo não vivida por completo.
Não é preciso ter viajado muito para se saber que Manchester é totalmente diferente da Argentina ou de um país do sul da Europa. Em Manchester chove muito, faz muito frio, as lojas e cafés fecham cedo e não há muito que fazer. Mas há um clube disposto a pagar aos seus jogadores mais de duzentas mil libras por semana.
Em que ficamos então? Gostamos de estar em Manchester ou não?
Não acredito que haja muitas pessoas que digam que não a viver por uns anos em tais ‘condições’ ganhando tamanho ordenado...?
A questão é que as pessoas com empregos chamados ‘normais’ não têm o luxo da escolha, sacrificam-se por uma oportunidade única. Mas o Tevez tem com certeza muitas escolhas. Escolheu Manchester… outra vez! Já lá vivia quando assinou este segundo contracto. Mas, depois dada a profissão que tem, outras escolhas surgiram.
Não me quero concentrar no seu ordenado, mas sim na pessoa, no jogador.
Carlos Tevez nunca defraudou ninguém enquanto jogador. Dentro do campo um ídolo. Guerreiro, talentoso, goleador. Alegre. Dançarino.
Às vezes penso no que lhe passará pela cabeça. Talvez um misto de arrogância e ingenuidade. Há muita verdade e honestidade nos seus dribles e remates, nos seus passes e correrias, na sua forma de jogar.
Tal como houve honestidade ao admitir que sofreu uma depressão. Não me lembro de um jogador de futebol falar tão abertamente do que sente realmente. A depressão é ainda um assunto tabu no meio desportivo. Ora veja-se o caso da Vanessa Fernandes, ainda por explicar.
Quem é honesto tem que estar preparado para que as massas aplaudam, mas para que critiquem também.
No dia que vir Carlitos Tevez jogar mal começarei a acreditar que sim, que o dinheiro traz felicidade.
Até lá, viva el niño de Fuerte Apache!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O fascínio pela cultura popular 01.09.2011

O meu fascínio pela cultura popular de um país não sei de onde vem.
Não é por influência familiar, não é por influência de amigos, não é por influência de nada ou de ninguém.
Sempre tive um fascínio pela demonstração exagerada de um sentimento, principalmente através de uma canção. Ao estilo de Camilo Castelo Branco e a sua vida impulsiva, extenuando toda e qualquer emoção.
Não resisto a ouvir uma canção onde o intérprete cante o que sente como se aquele fosse o último dia da sua vida.
O exagero nas palavras, o olhar sentido, a angústia na voz. Tudo isto sempre me fascinou e viciou.
Tenho uma aliada nesta partilha pelo gosto de tudo o que é ‘popular’.
É uma ilusão pensar que não há qualidade numa canção popular. Muitas vezes eu e esta aliada somos apelidadas de ‘chunguitas’.
Pois chunguitas seremos para sempre. E com muito orgulho!

As palavras abundantes 05.09.2011

As palavras abundantes
mostram o que devia ser este sonho
só teu e meu.
O meu ninguem o irá
fazer por mim.
Contento-me
sujeito-me
ou encaro o vento
sem sentir mais do que uma brisa?
Suave é o caminho
da revolução que vai subindo
as escadas e que tropeça,
mas
abrem-se sempre
as mesmas três portas.
Sou isso e muito mais.

domingo, 4 de setembro de 2011

A lógica 04.09.2011

Não sei o que pensar,
sei o que tem lógica
e razão de ser.
Mas a razão será a de sentir
e não a de pensar.
A capacidade de aprender
não é uma questão
mas um luxo sem razão.
Que fazer com o sentir?