quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

De mim 28.12.2011

Como li mesmo agora
eu também só falo
do que eu sei
e o que eu sei
é de mim.
A minha terra sou eu também.
Por mais mundos que haja
o que eu escrevo
não é nunca adverso
a essa terra porque
sou eu que a conto.
Sendo assim
há coisas que poderiam ser fáceis de aceitar
mas não são.
Sendo assim poderia não me importar.
Mas importo.
Todavia sorrio sempre que escrevo.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Egipto num poema (até agora...) 28.12.2011

Estive no Egipto quinze dias e até agora a única coisa que consegui escrever foi este poema:

'Cobertos de pó
estão os meus pés
de caminhar por estradas
feitas de areia e terra.
De um lado castanhos
Mouriscos
cremes beiges dunas.
Do outro
verdes frescos
canas de açúcar
escondendo por detrás
o Nilo
tranquilo e calmo.'

Falo escrevendo 27.12.2011

Falo escrevendo
não por portas que se abrem
mas que empurro
questiono constantemente
mais do que devia
mais do que queria
se cada segredo contado
criará uma liberdade sentida
partilhada
ou uma frase feita
e um já sabia?

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Gâmbia Nov.Dez 2011

Dia 27 de Novembro de 2011 rumo ao aeroporto de Gatwick em Londres para apanhar o avião que nos iria levar a Banjul, capital da Gâmbia.

Confesso que pouco sabia da Gâmbia, para além da sua peculiar localização geográfica rodeada pelo Senegal, um pouco como Portugal está pela Espanha. Logo desde aí senti uma afinidade com esse país.

Como sempre que viajo informei-me de qual é o desporto mais popular do país para onde vou viajar, no caso da Gâmbia é o wrestling, parecido com a luta greco-romana que costumo ver nos Jogos Olímpicos. Não me causou grande entusiasmo, mas fui com intenções de ver um combate. Nada me preparou para a total loucura que é, não o wrestling, mas o futebol na Gâmbia.

Desde o primeiro momento que eram evidentes os sinais de que este país, descripto pelos locais como a língua da boca que é o Senegal e a costa sorridente de África, está recheado de emoções futebolísticas.

Passeando pelo Albert Market na capital, Banjul (com pouco mais de 50000 habitantes) aqui e ali eram notórios e impossíveis de ignorar os sinais de amor ao futebol. Desde a loja de esquina chamada ‘Real Madrid Car Batteries’ até ao constante graffitti de nomes de jogadores em cada recanto. Saindo de Banjul a caminho de Bakau (a Norte da capital) numa caminhada que durou pelo menos umas duas horas até que chegámos à Kachikali Crocodile Sacred Pool, não sem antes passar pelo campo de futebol local onde estava a decorrer um treino. Chamou-me a atenção o sinal à porta do campo (ver foto) e o facto de o treino incluir tanto rapazes como raparigas.

imageFoto por Filipa Miranda (Banjul)



Da primeira vez que vi escrito a giz na parede de uma loja os calendários dos jogos da Liga Inglesa e Espanhola fiquei abismada.

Mais abismada fiquei quando numa das primeiras manhãs solarengas na Gâmbia saio da pousada onde ficámos, chamada Banana Village em Kololi, na costa Atlântica e vi escrito a giz Manchester-United Benfica 22 Nov 7h45. Não resisti! Eu sabia que havia uma razão pela qual eu tinha levado o cachecol do Benfica comigo...

imageFoto por Carolina Garcia (Kololi)



Tirei fotos, muitas. Mal sabia eu que essa foto se iria repetir vezes sem conta em todos os cantos do país por onde passámos.

Perguntei e contaram-me que estes lugares com os jogos escritos na parede chamam-se ‘videoclube’, um estabelecimento com antena parabólica onde é possível ver os jogos de futebol. A entrada para o videoclube é de 5 Dalasi (1 Dalasi = 0.03 Euros), mas se fôr um jogo dito grande, estilo um Real Madrid-Barcelona, aí os preços podem subir até aos 25 Dalasi.

Mais ou menos o mesmo esquema de quando eu vou ao café Sintra em Londres, mas em vez de pagar entrada, pago em Super Bock ou Sagres. Sim, porque os tremoços são de graça.

Metade da população e, perdoem-me o exagero, tem vestida uma camisola de futebol. Barcelona sendo a equipa favorita. Julgo que em Tanji, um centro pescatório na costa africana, estava lá a equipa inteira da equipa Catalã. Vi pelo menos dois ‘Pedros’, dois ‘David Villa, um ‘Piqué’, um ‘Iniesta’ e muito provavelmente um ‘Messi’. Para além de aficionados do Barcelona, havia meio plantel do Chelsea e Manchester United e... uma camisola vermelha com o número 23 nas costas e ‘Miguel’ escrito a branco... tempos de quando, o agora lateral direito do Valência, jogava no Benfica.

imageFoto por Filipa Miranda (Tanji)



imageFoto por Carolina Garcia (Tanji)



Mas para estes ‘jogadores’ a táctica não é um 4-4-2, mas outra. Passo a explicar: os pescadores chegam da sua pesca diária e, no que posso apenas descrever como um caos altamente organizado (caos para quem como eu neste momento ainda não conhecia a organização pescatória em Tanji), senhoras correm mar adentro negociando com os pescadores o preço do peixe. Disseram-me que, apesar da correria para comprar o melhor peixe, os pescadores concordam entre si preços fixos de venda do seu peixe para não causar desigualdades. Essas senhoras levam o peixe em alguidares de plástico na cabeça até à areia onde estão à espera rapazes com “carrinhos” que, por um preço acordado, carregam o peixe até ao mercado. Envoltas nesta dança estão crianças que correm atrás das senhoras à espera de algum peixe que caia do alto das suas cabeças à areia, agarrando-o para posteriormente o venderem ou quem sabe o cozinharem.


À volta do mercado há senhoras sentadas no chão a arranjar o peixe que posteriormente será fumado ou seco ao sol para ser vendido e exportado.


Deste pequeno, mas altamente funcional centro pescatório, é importado peixe não só para países vizinhos como Senegal e Guiné, mas foi-me dito também para a Holanda, a Bélgica, entre muitos outros países. Camiões de toda a parte vêm a Tanji comprar peixe para depois o importarem. Todas as paredes em Tanji tinham escrito nomes de jogadores de futebol, desde Kaká a Drogba, passando claro por Ronaldo e Messi. Chamou-me a atenção a entrada para um dos lugares onde o peixe está a secar que dizia ‘Welcome to Old Trafford’, para quem não sabe esse é o nome do estádio do Manchester United.


imageFoto por Filipa Miranda (Tanji)



Depois de Tanji fomos para Brikama, que fica no interior da Gâmbia e é uma das maiores cidades da Gâmbia, a par da capital Banjul e Serekunda.

Passámos por um estádio de futebol e reparei que havia um jogo a decorrer. Met, o nosso simpático guia do dia em Brikama, explicou-me que há jogos todos os dias e há sempre casa cheia. Há muita a esperança de que de uma destaslLigas amadoras saia um jogador, ao estilo do Didier Drogba da Costa do Marfim, para um grande Europeu. Disseram-me que olheiros de clubes europeus já passaram por aqui.

imageFoto por Filipa Miranda (Brikama)



Pela minha cara de entusiasmo o Met deve ter reparado que eu queria entrar e ver o jogo. Resisti, mais por vergonha do que por vontade, mas lá acedi e arrastei comigo o resto da comitiva até ao interior do campo. O Met comprou os bilhetes (25 Dalasi cada um) e entrámos. Como em qualquer jogo de futebol havia duas claques em lados opostos da bancada, mas desta vez as claques não eram compostas por rapazes de tronco nú a gritar, mas sim por uma maioria feminina tocando tambores e djambés. Foi uma experiência. Futebol é futebol em qualquer lado, desperta emoções. O relvado sintético era de alta qualidade. As equipas... bem, digamos que ainda não é destas equipas que sai daqui o próximo craque para o Benfica. Curioso foi ver as equipas ao intervalo a rezar, uma delas alinhada na linha de golo (a Gâmbia é um país predominantemente Muçulmano) e o árbitro ser escoltado ao intervalo por não um, não dois, mas três polícias! Na Gâmbia, como dizem os locais ‘No Problem’, mas parece que aqui como em qualquer lado os árbitros precisam de uma atenção especial...

Por detrás de uma das balizas está a chamada zona ‘Democracia’ onde as pessoas são livres de dizerem o que querem..., alguns espectadores pendurados nas árvores para uma melhor “visão de jogo”. Há também muitas crianças com tabuleiros na cabeça vendendo pacotes de água de 500ml a 2 Dalasi cada ou pacotinhos de sumo quase em gelo a 1 Dalasi cada. Durante o jogo comprámos também uma batata doce gigante cozida (branca por dentro, não laranja como as conhecia até então).

Claro que os meus olhos portugueses repararam numa camisola azul com ‘Deco’ escrito nas costas que cobria um menino com uns 8 anos, sempre muito atento ao jogo.

imageFoto por Carolina Garcia (Brikama)



imageFoto por Filipa Miranda (Brikama)



De Brikama voltámos para Sanyang onde estávamos a ficar na Paradise Beach, a 3km da vila. A praia fez jus ao nome, foi realmente a melhor praia onde estivemos na Gâmbia. Um areal imenso quase só para nós e 35 graus (no mínimo) servindo de cenário a um dia de mãos dadas com a preguiça.


De Sanyang fomos até Kartung no Sul da Gâmbia, mesmo na fronteira com Cassamance (já pertencente ao Senegal).


imageFoto por Filipa Miranda (Kartung)



A viagem, como todas, foi feita num gelli-gelli com paragem para trocar de veículo em Gunjur. Gelli-gelli são autocarros de 25 lugares que andam entre cidades, vilas, aldeias e paam conforme alguém na estrada os manda parar. Há um condutor e um rapaz que recolhe o dinheiro e, que vai gritando a quem passa, o destino do autocarro. Se o destino coincidir com o da pessoa à beira da estrada, o gelli-gelli pára e lá entra mais um passageiro. Mais pequeno que o gelli-gelli são os sept-place, traduzido de francês ‘sete lugares’, que funcionam com o mesmo sistema. Entre os muitos companheiros de viagem de gelli-gelli háa salientar uma senhora com uma galinha (viva claro), senhoras com impecáveis vestimentas coloridas e uma senhora com dois bebés gémeos, uma menina e um menino, de 4 meses.

Em Gunjur informaram-nos que tinhamos acabado de perder o gelli-gelli para Kartung, mas que o próximo não tardaria muito... Aqui os autocarros só arrancam quando estão cheios. Não há lugar a desperdícios. Bem, passadas duas horas de espera, onde deu para comer um arroz com peixe típico da Gâmbia, lá chegámos a Kartung que não fica a mais de meia hora de Gunjur. As duas horas de espera foram épicas. Um rapaz sorridente do Senegal lá meteu conversa connosco e ajudou-me a ir comprar o almoço. Sorridente estava eu agora carregando o meu prato de metal cheio de arroz e peixe frito, comendo as duas sentadas num tronco de uma árvore à espera e à espera e à espera... Também deu para praticar o meu francês. Claro que este rapaz tinha uma camisola de futebol vestida, desta vez do Marselha.

Em Kartung não faltou o ’videoclub’, uma criança com uma camisola do Cristiano Ronaldo vestida e o fascínio das crianças com a máquina fotográfica (fartaram-se de tirar fotos uns aos outros enquanto esperávamos por mais um gelli-gelli).

imageFoto por Carolina Garcia (Kartung)



imageFoto por Filipa Miranda (Kartung)



De Kartung fomos para Lamin junto ao rio e enquanto descansávamos junto a uma lojita bebendo água e uma fanta de laranja (a minha nova bebida preferida) e comendo amendoins vi o inevitável- um menino com uma camisola de Portugal vestida. Fiz-lhe sinal de que gostava muito da sua camisola, deu-me um sorriso largo e claro tirámos uma foto.

imageFoto por Carolina Garcia (Lamin)



Para a última noite decidimos voltar a Paradise Beach, em Sanyang onde no Domingo tivemos oportunidade de assistir a um combate típico de wrestling. Duas ‘equipas’ distintas combatem, dois de cada vez por idades, começam os mais novos seguidos dos mais velhos. Antes de cada luta há uma dança e cada ‘equipa’ tem uma claque muito animada com cânticos e tambores.

imageFoto por Carolina Garcia (Paradise Beach,Sanyang)



Não podia terminar esta viagem a este país apaixonado pelo futebol sem lhes mostrar com quem o Cristiano Ronaldo aprendeu a jogar à bola...

imageFoto por Carolina Garcia (Paradise Beach,Sanyang)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cobertos de pó 14.12.2011

Cobertos de pó
estão os meus pés
de caminhar por estradas
feitas de areia e terra.
De um lado castanhos
Mouriscos
cremes beiges dunas.
Do outro
verdes frescos
canas de açúcar
escondendo por detrás
o Nilo
tranquilo e calmo.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Tenho uma fúria 10.11.2011

Tenho uma fúria
que me faz não ter medo.
Uma raiva que se zanga
mas dá a mão à ternura.
A definição diz que o medo
é a ausência de coragem.
Essa fúria põe-me
num estado emocional e
inconsciente
de qualquer senão.
Sou furacão com razão
de ser.
A coragem de viver livremente
em liberdade
é maior do que qualquer
percalço.
Com quem estou
é uma flor
em forma e
cheiro
de
amor perfeito.

sábado, 5 de novembro de 2011

Há uma ternura 05.05.2011

Há uma ternura
na revolta
de um sentimento indignado.
Sente-se uma sedição
um tumulto, um motim.
A raiva pode ser meiga
porque o princípio
é honesto
e justifica-se.
Foram cartas escondidas
em envelopes,
agora letras maiúsculas
para todos lerem.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Não vou hesitar 31.10.2011

A próxima vez que te vir
não vou hesitar
vou-te beijar
Não vou pensar nos ses
na noite no dia
na velocidade encostada
aos meus sonhos
Não vou chorar depois porque não o fiz
Vou rir

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sem fronteiras 20.10.2011

Há um caramelo e um azul
que quero ver
vezes sem conta
contigo sim contigo
sem fronteiras.
Serão degraus
serão planícies
sentimentos nunca
rentes ao coração,
mas dentro
como um encosto terno
no teu ombro.

Constelação 20.10.2011

Constelação
grupo de sentimentos
ligados não por linhas imaginárias
mas por dedos entrelaçados
que formam
uma figura
que sinceramente tenho dificuldade
como nunca antes
em resumir
em proporções
em abreviaturas
que não justificam
um amor imenso
de palavras sem fim.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Livremente 18.10.2011

No fundo
peço ajuda
que a certeza
não me abandone.
Amo uma loucura
que não lhe conto
Rezo que ela adivinhe
este ponto no final
da frase,
esta vírgula
nesta pausa querida.
Um amor nascido livre
e livremente
vivido
sentido
que nem uma realidade
presente.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Os teus braços 12.10.2011

Os teus braços à minha volta
trazem-me a casa,
levam-me a casa.
Guardas com muito cuidado,
às vezes demasiado,
este meu ritmo
cardíaco de solstício
afastado de um equador
inventado
por ti
aproxima-te que nem uma poesia
maviosa
suave

doce e terna
encosta-te a este amor
e eu encosto-me também
sem mais esperas.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sossega-me o coração 07.10.11

O céu supostamente é azul
e o sol amarelo e garrido.
A promessa de viver
durante um ano
dias quentes apenas
é apelativa demais.
Como um escorrega onde deslizo
sabendo chegar
a um monte de areia
que me conduz ao mar,
descarto uma rotina também feliz.
Pobre a liberdade que não se usa,
descontente o sonho não vivido
e, por isso
nunca recordado com cheiros
e verbos ditos no passado,
mas com condicionais.
De que adianta?
Que importa?
Há quem espere
sim, é verdade,
mas a tentação de provocar
uma duas reacções
sossega-me o coração.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Otelul Galati – Benfica 27.09.2011

Otelul Galati – Benfica
no Sintra, não num sítio qualquer
27.09.2011


Eram sete horas quando cheguei ao café Sintra. O jogo começava às 19h45 e eu tinha intenções de comer meia dose do prato do dia antes do jogo começar. Regra número 1: nunca comer durante o jogo e nunca esperar por depois, porque se há derrota a consequência é uma azia muito grande.
Pedi meia de pataniscas de bacalhau e arroz de feijão regados com uma coca-cola. Desta vez não houve Super Bock, estava cansada e depois do jogo ainda há um autocarro para apanhar para casa. Esperei mais do que estava à espera pelo jantar, mas valeu a pena porque a comida estava como se quer. Duas pataniscas de bacalhau, umas colheradas de arroz de feijão depois e o Benfica já ganhava por um a zero. Resolvi arriscar a azia e pedi um pastel de nata acompanhado de um café pingado. A nata estava boa e a chávena de café escaldada como se quer.
No entretano, alguém grita do fundo do café ‘Filipa, ó Filipa, a patanisca ‘tá boa?’, ao que eu respondi ‘tá boa sim, um pouco insossa, mas como o arroz está um pouco salgado, fica tudo equilibrado”.
O jogo continuava morno e os clichés voavam a grande velocidade: “se nao marcarmos o segundo, ainda sofremos o empate”; “temos que rematar mais de fora da área”; “tira o Cardozo, esse molenga é sempre o mesmo”. Não sei se se referiam ao “mesmo” Cardozo que marcou um dos melhores golos de que há memória contra o Manchester United… ou o “mesmo” Cardozo que falha mais penalties do que devia. É o chamado jogador que “divide opiniões”.
Dada a temperatura amena do jogo e também do clima em Londres esta semana (27 gaus acreditem ou não!), a conversa na minha mesa derivou para outros assuntos… Porto.
Sem surpresas, todos concordámos que a camisola do Benfica sem o azul da TMN no logotipo fica muito mais bonita. Para quem não sabe, milhares de adeptos do Benfica fizeram uma petição pedindo, perdão exigindo que a TMN retirasse o azul de fundo do seu logotipo porque Benfica é vermeho e a cor azul nas suas camisolas é sentida como um insulto, quase como uma afronta!
Da conversa sobre o azul da TMN passou-se para uma análise mais geral sobre a cor azul. Eu disse que, por acaso, roupa azul até nem tenho muita. Ora, um dos meus companheiros de mesa, disse: ‘epá vermelho é um bocado garrido para andar todos os dias, em dia de jogo tudo bem, mas no dia-a-dia uma camisa azul fica bem’. Diz o outro: ‘pois, eu também acho, assim um azul clarinho’, ‘há aquele azul muito bonito, que cai muito bem, como é que se chama… ah já sei, azul marinho’, ‘sim, sim azul marinho fica muito elegante’. Quando dei por ela, já estava eu a concordar, que sim senhora uma camisa azul marinho com uma calça beige fica uma categoria!
A conversa mudou para o jogo de dia 22 de Novembro contra o Manchester United- estou a tentar convencer o Manuel a ir ver o jogo. Eu posso ir na excursão do Cultural (que está em negociações para ser a Casa Oficial do Benfica em Londres para que saibam) mas preferia não ir sete horas no autocarro cheio de ‘especialistas’ do Benfica.
No futebol há tribos, eu sou da tribo do Benfica e em Londres sou da tribo do Sintra.
Pai não queres ir a Manchester? Já sei, já sei… ‘epá tu és mas é maluca, julgas que o dinheiro cresce nas árvores?!’
Crescer não cresce, mas há que gastá-lo em coisas que valham a pena… e tu sabes que o Benfica vale!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A janela 28.09.2011

A certeza
duma janela de quatro lados
faz-me crer que
que afinal nem tudo é certo
como eu pensava.
Fazem-me crer que
estou errada
que as coisas
não são como eu as vejo
como eu as sinto
Afinal nem tudo
é uma chuva inconstante
nem uma vontade inerte
de ser melhor
afinal talvez seja degrau
de infinitude

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Harmonia 08.07.2011

Harmonia
neste andar
de um sítio para o outro.
Flor sem estufa.
Tudo tão raro
Tão estranho
tudo vivido numa ilha
serei só eu e a minha mente
outra vez
e não quero
desde sempre foi assim

Não há razão maior 26.09.2011

Não há razão maior
do que esta certeza absoluta
vinda de dentro.
Esse teu amor declarado
tímido e assinado por beijos
é desejo achado
e jamais perdido.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pouco importa 21.09.2011

Não sou eu quem escreve
mas pouco importa
que não o seja.
Importa sim
que sacuda
com vontade
as palavras dos ombros
importa que o peso
se torne leve.
Aconteceu-me
querer mais
e folheando
vou encontrando as palavras
as duas vogais
e como diz a canção
‘o meu melhor amigo
é o meu amor’.

A questão 21.09.2011

A questão é saber
onde pus a esperança
esqueci-me ou
perdia-a entre as ansiedades?
Não me parece
que o meu coração
o permitisse.
Que nem barco sulista
ou fósforo acesso
ou finta que dá golo
meti a mão no bolso
e achei
o que nunca perdi.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Antevisão Porto-Benfica 20.09.2011


Porto-Benfica Sexta-Feira 23.09.2011
Sexta-feira é dia de Porto-Benfica, um dos dois dias mais importantes do calendário do futebol português. Mais importante só o Benfica-Porto na Luz. A minha mãe, tal como muitas outras pessoas, abstem-se de ver televisão nos dias que antecedem este jogo, porque não se fala de outra coisa.
Entrevistam-se antigas glórias, recordam-se resultados de outrora e buscam-se estatísticas e factos totalmente irrelevantes, mas que fazem manchete nos diversos jornais desportivos.
Sim, já todos sabemos que antigamente o futebol era diferente, que os jogadores não recebiam muito e havia muito amor à camisola, que é mentira quando um jogador diz que encara este jogo como outro qualquer e já todos sabemos também que o Porto tem ganho mais coisas ultimamente, mas que o Benfica dominou noutras décadas.
Pensando bem nas coisas, talvez a minha mãe veja um pouco de televisão esta semana, para desanuviar das constantes notícias sobre a crise. Parece um pensamento surrealista a minha mãe ver futebol para se esquecer de algo… mas essa é a razão pela qual muitas pessoas vêem futebol, para se distrairem e nada mais.
Eu vejo futebol para me distrair, mas também por um sentimento de pertença. Eu sou benfiquista, como sou lisboeta, como sou portuguesa.
Enquanto benfiquista, a maneira mais fácil de exercer a minha lealdade é vendo os jogos, ver os golos inúmeras vezes e acompanhando a equipa nos jornais.
Enquanto lisboeta, os meus deveres incluem ir ao Santo António em Junho, prometer lealdade à sardinha no pão fintando as espinhas, temperar a comida apenas com salsa e coentros e jurar a pés juntos que se cheirar um manjerico directamente ele morrerá mais cedo.
Enquanto portuguesa, aí os deveres são mais alargados… prefiro falar dos direitos que incluem usufruir de um sol lindo e de umas praias como não há nenhumas.
E esta sexta-feira que nunca mais chega...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Benfica-Man United 15.09.2011

O estádio fervilhava antes do jogo. No café ‘Sintra’, onde religiosamente vejo o Benfica, a casa estava cheia. Não 64000 como na Luz, mas também casa cheia. Em terras inglesas come-se cedo, portanto não me estranhou jantar um belo bacalhau com natas às 18h45.
A hora do jogo chegou e estávamos lá os do costume. Respirava-se confiança, não se sabe muito bem vinda de onde, porque o Manchester vem realizando exibição atrás de exibição espantosas.
Os jogadores mostravam-se confiantes empolgados pelas milhares de cartolinas vermelhas e brancas que em harmonia liam BENFICA.
O jogo dava na televisão inglesa, mas todos concordámos que não é o mesmo ver este jogo em casa ou no café. O café cheio de benfiquistas é o que de mais próximo com o estádio nós temos. Próximo do relvado, do banco de suplentes, da camisa larga do Jorge Jesús, daquele ambiente. “É em situações como estas que tenho pena de nao estar lá” ouviu-se no Sintra mais do que uma vez.
Começa o jogo e o Benfica não demora muito a mostrar que estudou a sua lição. Deixou o Manchester bailar com a bola, mas nunca perto da baliza do guardião Artur. O Maxi e o Rúben Amorim jogavam muito juntos, não atacando muito pela ala direita. Na ala esquerda a história era outra e o protagonista dava pelo nome de Nico Gaitàn. Talvez empolgado pelos elogios de Sir Alex Ferguson, o argentino fez quatro dos 14 (!!) remates do Benfica contra apenas 4 do Manchester United. Ora não foi com um golo que Nico mostrou o que vale. Ao melhor estilo argentino, o esquerdino do Benfica fez um passe de trivela para o romântico Óscar ´Tacuara´ Cardozo que deixou todos os adeptos apaixonados pelo seu golo. Pura magia: recebe a bola, controla de pé esquerdo e com uma certeza (im)possível remata de pé direito. Para quem não sabe, o atacante paraguaio é esquerdino e daqueles esquerdinos que usa apenas o pé direito para caminhar…
No Sintra estavam duas televisões a mostrar o jogo, uma na esplanada com os comentadores ingleses e outra dentro do café na Sport TV.
Ora a transmissão inglesa estava adiantada meio segundo, de modo que de repente todos saltam e gritam na esplanada e eu sem perceber porquê. Quase que perco o golo e naquele segundo arrasto os meus olhos para a Sport TV e vejo o que já todos sabem… fez-se magia na Luz.
O passe, o golo, a cara do Tacuara sem acreditar no que tinha acabado de fazer, os gritos, a loucura. Será importante falar do resto do jogo? Pois, o Ryan Giggs marcou um golo e o resultado final foi um empate a uma bola.
Mas aquele golo já ninguém me tira.

Sei porquê 15.09.2011

É incrível como
me sinto agora tranquila
e sei porquê.
No entanto
gostava que fosse
por outras razões
Há sempre esta calma
como se estivesse a ver
tudo pela primeira vez,
admirando coisas que já vi
vezes sem conta.
Toco a minha cara
como que confirmando
que sou eu mesma.
Tudo me parece novo
e, talvez por isso,
sinta também
esta
tranquilidade.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O medo do que não existe 14.09.2011

O medo do que não existe
muitos concordarão ser
desnecessário.
O que se teme afinal?
Arregaço as mangas
tentando compreender
o que não consegui
ainda decifrar.
Rasgo de luz
componente exterior
soluços que me dão razão
encontro-me contigo
e, não sei o que dizer
pergunta-me se quiseres
mas não esperes nada

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A condição 13.09.2011

Sempre me senti uma
convidada desta vida que
supostamente
me pertencia.
Tanto jurava
ser protagonista como
dava passos
desejando entregar
por uns dias
essa responsabilidade
e recuperá-la apenas
quando me apetecesse.
Vivia a sentir
os dois papéis
rasgando um
alinhavando o outro
porque a condição
de ser frágil respira por entre
um coração que nunca se
esconde.

Fácil 13.09.2011

Ser quem não sou
era fácil
mas irreal
não quis esperar mais e
docemente
troquei os sentidos
e que nem chuva de Verão
apareci inesperada
na minha própria vida
vi o meu amor tratar
do resto
basta o que eu fiz
acabou

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A canção 08.09.2011

E assim
sem o esperar
como um reflexo que não contenho
adoro-a ainda mais.
Nunca mais a vou esquecer
as palavras cantadas
e o mais impressionante
é que eu já a conhecia
há muitos anos
e sempre concordei
com a sua elegância
Por dentro nada está extinto
e, por fora,
essa canção que pertencia
ao mundo
é minha agora, é nossa.
Os vestígios estão reunidos no meu
coração.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Carlitos ‘El Apache’ Tevez 07.09.2011

Carlos Tevez é um jogador de futebol que admitiu esta semana ter sofrido uma depressão, o que levou a que tenha engordado cinco quilos.
Ora aquilo que um adepto não perdoa é ver um jogador com quilos a mais. De repente, é aceitável apelidar um jogador de ‘gordo’ e dizer-lhe isso na cara. Torna-se aceitável que mais de cinquenta mil pessoas gritem durante uma partida ‘gordo! gordo! gordo!’. Outra coisa imperdoável, do ponto de vista do adepto, é um jogador conceituado, de renome, que ganhe muito dinheiro, falhar um penalty. Ainda para mais falhar um penalty ao serviço da selecção do seu país numa competição internacional.
Quem segue futebol sabe perfeitamente que as exigências do país onde nascemos correm paralelas às exigências da nossa família.
Não tem nada a ver com o que é esperado desse jogador no clube onde joga. Aliás, piora e em muito a situação do jogador se ele marcar muitos golos pelo seu clube, mas nenhum pelo seu país.
Ora tudo isto aconteceu a Carlitos Tevez, o ídolo argentino, na última Copa América.
O mesmo Tevez que, ousou anunciar ao mundo que não gostava de viver em Manchester, onde ganha mais de duzentas mil libras por semana e que queria mudar de clube. Queria mudar para estar mais perto das suas duas filhas pequenas que não se adaptaram a viver em Manchester.
Confesso que tenho sentimentos contraditórios em relacção a este caso, talvez por ser uma grande fã de Carlitos Tevez desde os seus tempos no Boca Juniors e depois no Corinthians.
A um atleta que ganha tamanha fatia de libras exige-se-lhe que faça a sua parte, isto é, que vá aos treinos, que jogue bem, que marque golos. Ora o jogador argentino faz isto tudo. Mas também se exige que faça isto tudo com um sorriso nos lábios dentro e fora do campo, sem nunca se queixar. Tevez cometeu o erro fatal de se queixar. E de ‘barriga cheia’ como se costuma dizer. Mas se o dinheiro não traz felicidade, que relevância tem o Carlitos ganhar mais de duzentas mil libras por semana em relação à sua felicidade? Aqui é que eu fico um pouco confusa.
No outro dia li que a dor resolve-se sozinha, mas para sentir por completo o valor da felicidade há que ter alguém com quem a partilhar. O argumento do Tevez é que a sua família não quer viver em Manchester, donde se conclui que a sua alegria não é partilhada, logo não vivida por completo.
Não é preciso ter viajado muito para se saber que Manchester é totalmente diferente da Argentina ou de um país do sul da Europa. Em Manchester chove muito, faz muito frio, as lojas e cafés fecham cedo e não há muito que fazer. Mas há um clube disposto a pagar aos seus jogadores mais de duzentas mil libras por semana.
Em que ficamos então? Gostamos de estar em Manchester ou não?
Não acredito que haja muitas pessoas que digam que não a viver por uns anos em tais ‘condições’ ganhando tamanho ordenado...?
A questão é que as pessoas com empregos chamados ‘normais’ não têm o luxo da escolha, sacrificam-se por uma oportunidade única. Mas o Tevez tem com certeza muitas escolhas. Escolheu Manchester… outra vez! Já lá vivia quando assinou este segundo contracto. Mas, depois dada a profissão que tem, outras escolhas surgiram.
Não me quero concentrar no seu ordenado, mas sim na pessoa, no jogador.
Carlos Tevez nunca defraudou ninguém enquanto jogador. Dentro do campo um ídolo. Guerreiro, talentoso, goleador. Alegre. Dançarino.
Às vezes penso no que lhe passará pela cabeça. Talvez um misto de arrogância e ingenuidade. Há muita verdade e honestidade nos seus dribles e remates, nos seus passes e correrias, na sua forma de jogar.
Tal como houve honestidade ao admitir que sofreu uma depressão. Não me lembro de um jogador de futebol falar tão abertamente do que sente realmente. A depressão é ainda um assunto tabu no meio desportivo. Ora veja-se o caso da Vanessa Fernandes, ainda por explicar.
Quem é honesto tem que estar preparado para que as massas aplaudam, mas para que critiquem também.
No dia que vir Carlitos Tevez jogar mal começarei a acreditar que sim, que o dinheiro traz felicidade.
Até lá, viva el niño de Fuerte Apache!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O fascínio pela cultura popular 01.09.2011

O meu fascínio pela cultura popular de um país não sei de onde vem.
Não é por influência familiar, não é por influência de amigos, não é por influência de nada ou de ninguém.
Sempre tive um fascínio pela demonstração exagerada de um sentimento, principalmente através de uma canção. Ao estilo de Camilo Castelo Branco e a sua vida impulsiva, extenuando toda e qualquer emoção.
Não resisto a ouvir uma canção onde o intérprete cante o que sente como se aquele fosse o último dia da sua vida.
O exagero nas palavras, o olhar sentido, a angústia na voz. Tudo isto sempre me fascinou e viciou.
Tenho uma aliada nesta partilha pelo gosto de tudo o que é ‘popular’.
É uma ilusão pensar que não há qualidade numa canção popular. Muitas vezes eu e esta aliada somos apelidadas de ‘chunguitas’.
Pois chunguitas seremos para sempre. E com muito orgulho!

As palavras abundantes 05.09.2011

As palavras abundantes
mostram o que devia ser este sonho
só teu e meu.
O meu ninguem o irá
fazer por mim.
Contento-me
sujeito-me
ou encaro o vento
sem sentir mais do que uma brisa?
Suave é o caminho
da revolução que vai subindo
as escadas e que tropeça,
mas
abrem-se sempre
as mesmas três portas.
Sou isso e muito mais.

domingo, 4 de setembro de 2011

A lógica 04.09.2011

Não sei o que pensar,
sei o que tem lógica
e razão de ser.
Mas a razão será a de sentir
e não a de pensar.
A capacidade de aprender
não é uma questão
mas um luxo sem razão.
Que fazer com o sentir?

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Portugal na final do Mundial de Sub-20 18.08.2011

Portugal na final do Mundial de Sub-20 18.08.2011

Portugal está na final do Mundial de Sub-20. O seleccionador apelidou a selecção de 'Geração de Coragem'. Coragem é uma palavra à qual nos podemos facilmente associar, mais do que 'Ouro' certamente.
Coragem significa "Firmeza de ânimo ante o perigo, os reveses, os sofrimentos. Constância, perseverança (com que se prossegue no que é difícil de conseguir)."
Coragem signifca olhar o medo de frente, deixá-lo passar por entre nós e sentir não mais do que um arrepio que nos sopra destemidos para a frente.
Jogar à bola requer coragem, porque o medo de perder não pode ser maior do que a vontade de ganhar. Escrever requer coragem, porque signifca que os nossos pensamentos ganham um estatudo de realidade. As letras dão as mãos e viram palavras e, de repente, o que pensamos deixa de nos pertencer. Às vezes não sei se quero reler o que escrevo. Mas, desta vez sim. Desta vez quero ler e reler que o meu Portugal está na final do Mundial de sub-20.
Estamos lá contra o Brasil. 10 milhões contra 190 milhões. Na realidade serão “apenas” 11 contra 11. Todos a falar Português. Desta vez, não dá para enganar os adversários falando outra língua, como eu tantas vezes faço. Será Camões v Camões.
Derrotámos a Argentina, vencedora seis vezes desta competição. Derrotámos a Franca que tem sido o nosso fantasma em competições internacionais.
Derrotámos o medo. Os franceses acusaram-nos de jogar defensivamente. Nós respondemos com dois golos. E nenhum sofrido no Mundial.
Brevemente começará o debate sobre o porquê de os jovens jogadores portugueses não terem oportunidades nas grandes equipas portuguesas. O porquê de se apostar em jovens jogadores estrangeiros. Independentemente da carreira que cada um destes jogadores venha a ter no futuro, esta experiência no Mundial já ninguém lhes pode tirar. Poderão ser esquecidos em clubes da segunda divisão, poderão tornar-se heróis de equipas da primeira dvisão, mas os sentimentos, as emoções, os arrepios, a explosão de cores deste Mundial com certeza eles nunca se esquecerão.
O futebol não é diferente da vida, às vezes achamos que os acontecimentos têm que ter uma sequência lógica, mas a verdade é que tal nem sempre assim acontece. O que acontece nos entretantos é o que importa. As emoções que as pessoas nos fizeram sentir, os sorrisos eufóricos após um golo, tudo isso fica.
Eu não me esqueco do que senti quando o Rui Costa marcou aquele golo contra a Inglaterra em 2004, independentemente do que aconteceu na final. Também não esqueço a sua cara depois do golo.
Um sentimento negativo nunca nos fará esquecer um sentimento positivo, mas o contrário já acredito ser possível.
Até agora, Portugal enquanto país e não apenas enquanto equipa de futebol, só tem vivido sentimentos positivos neste Mundial.
Eu com certeza não esquecerei esses sentimentos.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Uma explicação 18.08.2011

Tenho cá dentro
uma explicação
ou será uma sensação?
Porque vais assim
e sem rompantes voltas
e de cada vez parece
um instinto?
Um ímpeto
sem abalo
sem agitação,
uma palavra
que não sei escrever
apenas sentir.

sábado, 6 de agosto de 2011

O golo do Pablo Aimar 06.08.2011

O golo do Pablo Aimar. O golo do Pablo Aimar. O golo do Pablo Aimar foi assim como o início deste texto. Foi uma antecipação, um suspense, um crescendo com direito a câmara lenta em tempo real.
Tudo começou ainda antes de o Pablito tocar na bola. Num jogo de futebol, como na vida, a nossa cabeça levanta-se e os nossos olhos procuram quem nos dará a mão, quem nos dará força e coragem para brilharmos. Foi o que fez o Nico Gaitán. Parou e de pé esquerdo procurou o Aimar. Este respondeu sem palavras e disse que ainda não era a altura certa e, aparentando indiferença deixou a bola rolar para o Nolito. Este fez o que todos nós teriamos feito e devolveu a bola ao Aimar. Agora sim era a altura certa. Pablo Aimar marcou posição, rodou sem dar um passo criando uma ilusão de golo. Quando já eu me levantava da cadeira vivendo o acelerar de coração pré golo, Pablito ajusta a bola com o peito do pé, escolhe para onde quer rematar, quando quer rematar e... golo!
Juro que me pareceu ter sido em câmara lenta o golo, todo o movimento foi tão preciso e natural que parece que o tempo parou. A calma com que o Aimar deixou correr a bola para o Nolito e passados dois segundos a recebeu de volta, a calma com que fez um paso doble ao defesa, se enquadrou que nem tela em moldura, a calma com que deu um toque e só depois rematou é qualquer coisa de outro mundo.
Um jogador que joga com esta confiança tem um efeito devastador nos adversários, mas um efeito sublime nos companheiros de equipa.
O Pablito é generoso, porque partilha esta confiança, mostra como se faz e faz-nos acreditar que também nós seriamos capazes de fazer o mesmo. Será?

Perdição 23.07.2011

Não sei se é uma perdição
esta vontade de perder
de deixar tudo
que nem folha de papel
e fantasia.
Que nem uma procura forte
inacessível,
um sentimento persegue-me
desde segunda-feira e
hoje já é sábado.
Coração cheio de areia
Protector.
Como é por dentro esse coração?
Desligou comunicação
e agora estam aqui presas
estas palvras que não saem
da boca
nem deixam este coração.
Respirar.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Tentativa de Fado 27.07.2011



Tenho muita vontade
de sair deste compasso
cantado por uma voz
que vai marcando o ritmo
ao qual não consigo
acertar o passo.

Tenho muita vontade
de dizer que sim
de não temer
o que não existe
de dizer que sim
que esse medo
chegou ao fim.

Tenho muita vontade.

Acordo 27.07.2011

Acordo
e obrigo-me a levantar
Imediatamente
ocupas o espaço
que antes era meu
nosso
Atravessas-te fulminante
morena
que nem cor em tela
numa posição que só tu conheces
Apegas-te a mim
doce
incluis-me no teu sono
e o que eu quero mesmo é
ficar

22.07.2011

Desço para apertar o atacador
mas isso é apenas
uma desculpa.
Pesam-me os ombros
e, quero descer,
sentar-me.
Não há lugares
não há lugar para mim
eu sei que não.

Nomes 06.06.2011

Eu tenho muitos nomes
mas alguns guardo-os
só para mim.
Queria criar um nome
que fosse que nem o vento
e afastasse o que não importa
e me trouxesse de volta

segunda-feira, 25 de julho de 2011

As três portas 25.07.2011

As três portas que me
apareceram à frente
são um segredo bem guardado,
como este poema
que trago no meu
bolso esquerdo,
contorno de coração.
Trago que bebo de uma vez.
Coração acompanha-me
e esquece
a falta de jeito
de tudo o resto
esquece a falta que tu me fazes
e fica aqui.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Lisboa-Londres 20.07.2011

Estou a olhar para a minha chávena de café que tem escrito ‘Lisboa-London’. E é nisso mesmo que estava a pensar. Nessas duas cidades.
Uma é parte da minha família. A outra não.
Uma entristece-me quando me deixa, a outra enfurece-me. Para uma tenho toda a paciência do mundo e não me permito estar sem lhe falar. À outra fico dias sem lhe dirigir uma palavra.
Umas pessoas chegaram agora ao café onde estou e dirigem-se logo ao balcão, outras sentam-se nas mesas. Não pára de chegar gente, todos se conhecem, todos se cumprimentam.
Sandes de fiambre, de queijo, mistas, panados, pastéis de nata, delícias folhadas e muitos galões depois, o movimento no café não pára. É uma mina de ouro. E hoje é quarta-feira apenas.
Lá fora chove e calor não está. Mal saia desta porta sei que vou sentir frio. Não só porque a temperatura está baixa, mas porque vou sair do conforto que me dá este pedaço de casa transformado em café pingado.
Daqui vou para o sul ver o meu Benfica. No fundo, estas horas que faltam até ao jogo não são mais do que longos minutos que arrastam os meus olhos até ao ecrã de televisão transmintindo a partida mais logo.
Está a chover. Parece impossível tanta chuva, tantos dias.
A minha chávena tem um desenho da Torre de Belém. Belém fica na minha casa, na minha Lisboa. Quando parti sabia que seria difícil voltar, porque tal como já respondi mil vezes ‘não foi pelo trabalho, não foi pelos estudos, não foi decididamente pelo clima’, foi porque queria ir.
Aqui neste café de paredes forradas a azulejo sem nada de típico excepto as caravelas pintadas a azul relembrando tempos de glória, os bolos são reis. Os bolos trazem as pessoas aqui. As mesas e cadeiras são desconfortáveis e gastas. De cada vez que alguém se levanta o ferro da cadeira arranha o chão e obriga-nos a olhar para aquela pessoa que nos olha de volta desconfiada. Todos sabemos que os portugueses adoram olhar fixamente para as outras pessoas à sua volta, mas quando olhamos de volta os seus olhos respondem-nos, como que dizendo ‘tás a olhar pá onde?!’ Contraditório?!
Ora de contraditório tem este meu povo e muito. Adoram-se enquanto povo, adoram-se enquanto gente que se sente como ninguém, mas são os primeiros a afirmar os seus defeitos como um grito que não podia esperar.
Ora agora chegou mais uma senhora de casaco de malha salmão contrariando o preto da minha t-shirt. Esta senhora é a terceira pessoa a oferecer uma bica à senhora que está sentada ao meu lado. Aqui, tal como na Grécia, a generosidade é rainha. Quando estive na Grécia compraram-nos uma cerveja simplesmente porque demos as cadeiras que tinhamos a mais na nossa mesa. Três euros e meio por meio litro de generosidade. Aqui em Londres nunca vi ninguém oferecer-se para me pagar um café. Cada um paga o seu. Em Portugal posso pagar uma rodada de cerveja com dez euros e ter troco para duas pastilhas. Aqui não.
Os miúdos e miúdas à minha volta deliciam-se com os seus palmiéres recheados, pães de leite com manteiga e fiambre e galões.
Percebi agora que muitas das pessoas à minha volta estão de malas feitas, bagageiras do carro recheadas e sorrisos feitos porque Agosto está a chegar. Hoje é dia vinte de Julho e Agosto, o mês mais esperado do ano, está a chegar. As crianças vão mais cedo ter com os avós e os pais vão lá ter logo que possam. Lá é Portugal. Lá é o Verão na aldeia e a semaninha no Algarve. Lá é o calor garantido, o vinho de litro, o peixe grelhado, as caras antigas do mercado da Quarteira e a certeza Católica do Padre da Freguesia que lidera a Procissão.
O tema do momento é em que dia vão de férias. ‘Eu vou a 2 de Agosto’- diz uma; ‘eu vou mais cedo este ano para evitar o trânsito’ diz outra.
Olho para o relógio, faltam cerca de três horas para o jogo.
Chegou mais uma senhora que invariavelmente ofereceu uma rodada de bicas à mesa ao lado. Se a minha vizinha de café tem aceite todas as bicas que lhe ofereceram já tinha bebido pelo menos cinco cafés!
A sua neta já comeu dois pastéis de nata e uma sandes de fiambre. A avó diz que a miúda ‘só come come come e depois queixa-se que ‘tá gorda!’.
O rapaz que trabalha aqui no café desabafa que está a ficar sem bateria no telemóvel, imediatamente a minha vizinha pergunta se é o iphone4, ao que o rapaz responde que sim. De imediato se levanta e diz que vai ao carro buscar o carregador para lhe emprestar.
Que povo mais generoso este povo meu!
Chegou mais uma senhora, mais dois beijinhos, mais uma oferta de bica. Já vão seis! A outra senhora diz que hoje já bebeu três cafés, ‘beba um suminho então’ responde a vizinha. ‘Eu ando a descafeinados’ responde a outra.
Chegou uma rapariga que de imediato é interrogada pela minha mesa vizinha: ‘a que horas terminaste o trabalho, para onde vais, de onde vens, onde está a tua mãe’, entre muitas outras perguntas. A última pergunta claro ‘então a que horas vais à missa logo?’.
São quatro e trinta e nove e os empregados do café já começaram a limpar o balcão. O balcão do café está recheado dos ‘melhores bolos portugueses de Londres’ e de miniaturas e enfeites de bolos de casamento.
Ao telefone ao meu lado está uma senhora a falar com a Nela, aparentemente a melhor cabeleireira do bairro. Não sei o que disse a Nela, mas a resposta é uma efusiva beijoca. Ora se é a melhor cabeleireira do bairro merece uma bela beijoca. Agora é a Celeste que está ao telefone com a Nela ‘diz amor, quando é que ‘tás livre para ir aí fazer as raízes?’.
Generoso e carinhoso este meu povo.
No entretanto, os pastéis de nata saem que nem pães quentes. São tantos portugueses como estrangeiros, sim porque os ingleses quando em território/café português são estrangeiros, que vêm a este café comprar bolos e beber galões.
Eu aqui não sou prata da casa como no sul, porque estou no oeste da cidade. Não sou imediatamente identificada como portuguesa pelos meus, no café não sabem se me hão-de falar em português ou inglês, mas esta carinha de portuguesa não mente. Esta pele morena e sorriso lusitano herdado das minhas avós não deixa lugar a dúvidas.
Chegou um senhor de fato bem passadinho a ferro, bigode, batendo com as chaves no balcão de metal exigindo um café, rasga o pacote de açúcar e depois de o esvaziar efusivamente na chávena, amaça-o e aponta ao caixote do lixo que está por detrás do balcão. Falha o alvo claro, mas também ninguém se importa de apanhar o pacote do chão. A conversa, que é o mais importante, continua. Este senhor quando chegou dirigiu-se imediatamente ao extremo do balcão, onde a ‘realeza’ vive. No fim do balcão estão os ‘habitués’, os que cansados do dia de trabalho bebem uma bica com mais determinação que o resto de nós e quando prontos para pagar esvaziam os bolsos de trocos, deixando o balcão vestido de moedas pequenas que surpreendentemente se juntam para pagar a conta.
Eu também sempre quis chegar ao balcão, pedir uma bica como se estivesse zangada, arrancar o troco do bolso, insultar o balcão com as moedas, beber a bica e dizer ‘até amanhã’ como se todos me devessem e ninguém me pagasse.
A mim ninguém me perdoa os ataques de raiva que são cada vez menos. É-me aceite que seja assim, desde que não o expresse.
Chegou agora uma senhora com uma camisola pelas costas. Lembra-me a minha mãe que, mesmo em Agosto no Algarve anda sempre de camisolinha pelas costas porque ‘nunca se sabe e o ar condicionado dá-me cabo da garganta e as correntes de ar e tal’.
Povo generoso, carinhoso e prevenido este meu povo.
Gerou-se uma discussão aqui no café. O Júlio quer pagar os três cafés e a Betinha não quer deixar. Mais um acto de extrema generosidade. A Betinha está determinada ‘ó Júlio ‘tás-te a passar se achas que vais pagar a conta... outra vez!’ e eu ainda não percebi afinal quem vai dar conta da despesa.
A minha conta pago eu, isso de certeza. É o que dá ser da zona sul e vir beber cafés ao oeste. Garanto-vos que mais logo pelo menos uma cervejinha bebo de graça ou um suminho ou uma meia de leite, ‘escolha menina’.
Faltam duas horas e meia até à partida. Não me está a apetecer apanhar o metro, de modo que tenho que ir ver que autocarros me levam ao sul.
Uma tarde e noite passada sozinha, mas entre os meus. Convenço-me eu de que estes estranhos à minha volta têm algo em comum comigo para além de uma identidade, de um lugar de nascimento. Ilusão ou não, faz sentido.
Logo, para celebrar o ínicio da época futebolística, talvez coma uma omelete de camarão. Normalmente seria de queijo, mas hoje é o primeiro dia do resto da época. E o resto da época merece com certeza um toque de marisco.
As minhas vizinhas de café foram embora agora e, desde o momento em que se levantaram e disseram que iam embora, de darem os dois beijinhos ao resto do café, de dizerem até logo, de desejarem boas férias, já passou pelo menos meia hora. Meia hora em que se podia estar a trabalhar, diria o meu irmão.
Está na hora de eu ir pregar para outra freguesia.

sábado, 9 de julho de 2011

Acordei 09.07.2011

Acordei
e, como que sentindo
a nossa falta
naquelas praias
que fizemos nossas,
enchi a banheira de água
e sal
e enfiei lá os pés
extraordinariamente cansados.
Não sei se exaustos
por serem eles
que carregam
todas as emoções boas
que têm sido muitas.
Não sei se pesados
para me lembrarem
do muito que o meu
coração e mente
caminharam.
Quando toquei o sal,
vestido de refinado
disfarçado de mar
senti outra vez o quente
nas nossas caras
e a tua mão pintada de areia
procurando
o meu dedo mindinho.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Não sabia

Não sabia,
de verdade que não sabia.
Podia ter desconfiado,
mas isso não seria mais
do que a minha imaginação.
Sem essa imaginação
também nunca teria ido
a lado nenhum.
Mesmo que soubesse
mesmo que tivesse
imaginado
nunca teria adivinhado
o que aconteceu depois.
E hoje é 3 de Julho
outra vez.
Como uma onda,
livre das demais,
trazes-me um sorriso
e tantas outras coisas boas.
E hoje é 3 de Julho
outra vez.

O nosso romance 22.06.2011

A minha mente reflecte
o nosso romance sem fim
casas brancas
de silhuetas azuis
portas pequenas
por onde nem o meu coração
passa
de tão cheio está.
Mar que não rejeita ninguém
calmo
corajoso de tão amplo.
O nosso romance sem fim
vivido
entre abraços nus
e coisas que não esqueço mais.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Estou a pensar em ti 01.06.2011

Estou a pensar em ti
isso já não me surpreende
enlaças-te enternecida
no meu cá dentro.
A tua voz confunde-se
com as palavras
da música que ouço
e que não desligo
de propósito
porque a poesia que ouço
dá a mão ao teu sorriso.

Desculpa se te não prendo 01.06.2011

Desculpa se te não prendo,
não te quero passado
és

bem sei
parte do meu esqueleto
és parte desta pele teimosa.
Sim
é a ti que me dirijo
A ti
dor
não te podes esconder
se já não existes.

Era capaz 01.06.2011

Era capaz de ficar dividida
mas já não
porque se antes o ficava
não era porque assim o queria
era porque não podia.
Era capaz
de desfazer essa assembleia
entre cadeiras
que empurro chuto para o lado
deixando passar os dias
propagando-se o sol
multiplicando-se a brancura.
Agora
desfazem-se as cadeiras
risco o vento e
esfrego esse
desalmado passado
até migalhas me restarem apenas.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Sensação na pele 17.04.2011 e 31.05.2011

Esta sensação na pele
é algo que não esqueço.
Há outras coisas que também
não esqueço
como os teus braços à minha volta
Há sentimentos como a tua boca a
tocar-me o pescoço enquanto me abraças
que também não me esqueço.
Não sei se te beijo de volta
ou se deixo
o meu rosto enrolado no teu ombro.
Procuro que o meu rosto se enterre
no teu ombro
um pouco mais
aceitando o óbvio.
O teu rosto é imagem que sei de cor.
De cor sei também
as cores do teu corpo
sei o moreno mais escuro e
sei o moreno mais tímido.
Tudo me diz o mesmo.

Lua de mel 31.05.2011

Lua de mel
Lume do agora
Confesso que nao estava preparada para isso
ou estava?
Não sei quando me comecei a sentir assim
quando comecei a falar no isso
no isso tudo e muito mais
Esse isso que não sei
quando interrompeu a tranquila
virtude
Virou amor translúcido
Virou dois corpos por onde passa a luz,
mas sem se ver com nitidez
os sentimentos ecos
que estão para além

Agora é assim
sorriso feito

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Não há razão maior 25.05.2011

Não há razão maior
do que uma certeza absoluta
vinda de dentro.
Esse teu amor
declarado
tímido e
assinado por beijos.
É um talento,
um conjunto de aptidões
disfarçadas de senões
que condicionam o êxito
deste
amor
onde duas pessoas
sobressaem numa assembleia
espontânea
e elegante.
Esquece o que soubemos
e vive o que sentimos.
Diáspora dum passado
onde não estivemos as duas.

Flor de maracujá
Flor de lótus

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Parece que fico 23.05.2011

Às vezes
parece que fico
com o coração laminado.
Não protegido
por um qualquer material
transparente,
mas
reduzido
a uma espessura
lisa de emoções.
Sim sinto-o esmagado.
Protege-se.
Fica além.
Dói-me.
Mas
rapidamente
volta para mim
cheio.

A solitude 19/23.05.2011

A solitude
essa estará sempre aqui
porque a busca
das palavras que preciso
para me fazer entender
é uma busca
solitária
e narcísica.
Escrevo para que a minha mente
não se afogue.
Escrevo para que o silêncio
seja interdito.

domingo, 22 de maio de 2011

Minha vida 22.05.2011

A minha vida não espera
pelas minhas
faltas.
Não fica de braços cruzados
que nem falsa partida
à espera dum sim
até agora ausente.
Abro o silêncio,
em vez de o fechar.
Quero dizer presente
à coragem
e, trazer-te comigo.
Mas
limpa de culpas e
com o coração
que nem um fósforo
meio gasto meio por usar
sigo
caminho
em frente
Vens?

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Parece-me justificada 18.05.2011

Parece-me justificada
a transparência
do que sinto.
Sou tão mais segura
daquilo que sou
quando paro de buscar
em ti as respostas.
Encho o quarto
com alusões,
referências vagas areias
comforto alívio
certezas.
Vais e voltas
e vais e voltas.
Agora eu,
cá dentro,
terei sempre que me encontrar.

terça-feira, 17 de maio de 2011

A certeza 17.05.2011

A certeza que me coloco
é simples
agora que a dúvida
me deixou de
fazer perguntas.
Essa dúvida,
que nem uma onda,
sempre foi
transitória breve vagante.
A saudade repete-se em mim
mas, desta vez,
encerra a anomalia
inerente ao medo de perder.
Sabes que sim.

Sinto-o fortemente.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Inquietude 16.05.2011

Inquietude
púrpura coragem
calço essa inquietude
como um quinto sentido
vejo ouço
constantemente
o batuque
dessa insatisfação
doce que nem
água
adversa ao mar

domingo, 15 de maio de 2011

Distância 15.05.2011

A distância entre mim
e o equador
deste amor
é
irrelevante.
És tu
quem tem
entrada directa,
és tu
quem sopra
pela válvula desse fole
beijos ternuras
colando
a tua mão à minha.

sábado, 14 de maio de 2011

Estendida 13/14.05.2011

Estendida paralela ao mar
faço fintas
ao querer ir.
Penso no que é nosso,
enfio a mão dentro desse amor
e quero ficar.
Desculpa se te marco o pensamento
mas é constante esta ousadia
de querer ser quem sou
contigo, e
com mais ninguém.
É branca a lucidez
e presente
esta qualidade de brilho.
Como se consegue
aquilo que é difícil de alcançar?
Estendida paralela ao mar
contigo entrelaçada
neste meu coração.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ousadia 13.05.2011

Ouso dizer que não tem sentido algum
passar por essa rua,
sem ser de mão dada
com o teu amor por mim.
Essa rua, anterior, ultrapassada
desenhada por um nada.
Essa rua
agora sustentada por uma tentação.
É frágil, inócua
mas dedicada
essa tentação de não largar
a tua mão,
essa teimosia que não deixa cair
o meu coração aberto
órgão musculoso
voz secreta
cerne de um sentido.
Será uma ousadia
este meu querer?

Uníssono 13.05.2011

Há um uníssono cá dentro
uma entonação neste
nosso sentir.
Vozes concordantes
pés cheios de coisas
ponteiros esclarecidos.
Sentes tu também
este uníssono?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Poema do sal 10.05.2011

A tua beleza
expõe aquilo que não está bem.
Antes de ti
o sal do mar chegava,
depois de ti
um mergulho não é mais
do que um trapézio
e o sal que me seca
insuficiente

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Chão curvado pelo futebol 06.05.2011

Chão curvo ingrato. Sim, chão curvo ingrato. Ontem por volta das onze e meia estava eu a sair do café Sintra onde eu vou sempre ver o espectáculo de que tanto gosto e senti os meus passos pesados. Caminhei como sempre o faço até à paragem de um qualquer autocarro que me levasse a casa. Andei com passos quebrados, olhos presos no chão, olhos por vezes orgulhosamente levantando o olhar como que quebrando a desilusão sentida. Acho que todos os que me conhecem sabem de que desilusão estou a falar. Não vos conto ainda porque este conto poderia ser qualquer outra coisa. Nao quero que tomem já uma decisão na vossa cabeça, leiam primeiro. Visto esta loucura como um corpo desenhado por mim, e como diz a Mariza ‘bendita esta loucura de cantar e de sofrer’, mas desta vez uma loucura envergonhada do que aconteceu ontem. O meu pai lembrou-me que eles, os protagonistas, também queriam que o desfecho tivesse sido outro, também queriam ter chorado uma chuva de alegria, mas os ventos e os troncos de árvores rígidos disfarçados de postes, assim não o quiseram. Os postes, tal como as árvores, pareciam ter séculos de existência, instransponíveis na sua teimosia. Como que dizendo ‘eu estava aqui primeiro’.
Hoje venho ver a Mariza, fadista como todos sabem. Dizem-me que o fado é triste, mas agora (meia hora antes do concerto começar) estou feliz e ontem triste fiquei. Ontem o espectáculo foi outro. Será este o meu Fado, o de sofrer por coisas que outros sopram para o lado, passados cinco minutos de terem acontecido? O Fado era suposto ser hoje cantado pela Mariza, mas afinal foi ontem desgarradamente exibido por vozes roucas de norte. Foi um Fado desafinado, onde os solos de guitarra do senhor da camisola 30 nunca encontraram os acordes perfeitos. Os seus arranques de bola colada ao pé que nem palheta nas mãos de Carlos Paredes foram lentos e as palmas com que acompanhámos esses acordes foram sempre mais entusiasmantes que a música a que assistimos. As minhas mãos ontem quando se juntavam, antevendo palmas, acabavam sempre por fugir para a minha cara e cobrindo-la, esfregando os meus olhos e franzindo a minha testa, enrrugada por linhas que gritavam desilusão.
E eu que gosto tanto do senhor da camisola 30. Se calhar, que nem Pedro e Inês, esse senhor sentiu falta do outro. Do senhor da camisola 10. Ora a este chamam-lhe ‘O Mago’ e alguém assim é famoso por tirar coelhos da cartola. O coelho, ‘El Conejo’, estava lá mas escondido porque ‘O Mago’ ficou com o seu baralho de truques no banco. Sem culpa. Sem nada. Sem nada ficámos nós. À minha volta, uns vestindo os seus casacos de fúria e envoltos em cachecóis cozidos de dor foram logo para casa, outros na sua habitual tranquilidade rapidamente mudaram de assunto para a crise e o plano da Troika e do FMI e, eu e outro ficámos ali. Mãos na cara, rosto escondido, mão buscando troco no bolso para pagar a imperial e a meia de leite que sabiam agora a um nada. Ficámos ali porque sabíamos que uma derrota assim agarra-se a nós e entranha-se como areia. A areia não sai de um dia para o outro. Esconde-se e, eu querendo livrar-me dos grãos de tristeza, peguei no meu coração e comecei a falar sobre o jogo. Falei sobre cada jogador, sobre o treinador, sobre o Presidente, falei até ter a certeza de que não tinha mais nada para dizer.
Voltei a pegar no meu coração, pu-lo no sítio e caminhei. Paguei a conta acho eu. Caminhei até à paragem de autocarro e fui para casa.
Hoje estou aqui e vou ver a Mariza daqui a quinze minutos.
A bendita loucura esta noite é outra e o meu Fado espero que diferente...

terça-feira, 15 de março de 2011

Aplauso 06.11.2010

O meu coração
cria um aplauso
sempre que pensa em ti.
Aplaude sem ironia
desta vez
uma chama,
uma ternura levada ao colo por mim.
Uma ternura que te dou
sempre que juntamos
dedos
sempre que comparas
o comprimento dos nossos dedos
e, te apercebes,
que são do mesmo.
Porque será?
O teu corpo e o meu
não podem estar
mais juntos do que aquilo
que já estão.
O sol pertence-me
e o seu calor é para ti.
A claridade
a luz
o quente
são teus. Sabes que sim.
Impossível não querer mais.
Vidros
espelhos
todos os reflexos
me mostram o mesmo.
E, o meu coração,
aplaude.


Ternura de Verão 01.09.2010 Algarve


Ternura de Verão

Ouvimos Fado. Olho pela nesga de um olho acabado de acordar para a parede branca que me separa do sol abafador. Acordo porque é um homem que canta agora e não a voz feminina que me adormeceu.
Tropecei no meu sono em sonhos diferentes e desço por esse cansaço de ter acordado numa região diferente às seis e meia por entre alarmes laborais.

Trânsito não houve, apenas estradas, umas atrás das outras, quase que iguais por entre nomes de terras que parecem letras juntas sem nexo e acentos que nada acrescentam senão um sotaque. Nomes de terras que tenho dificuldade em pronunciar e que esqueço assim que me afasto cem metros. Cem metros de um céu que luta contra o calor que já dura há meses, um céu rebelde cinzento que logo vira azul. Azul de Verão Algarvio.
Cantava e quando a canção terminou a porta abriu-se e de lá saiu o sol, como que me acordando com ternura.

Durmo profundamente quando estou com ela, mas quando sou apenas eu e os meus sonhos, há uma revolta que quase causa uma amargura. De mim nunca me posso livrar. E, não quero. Mas os meus sonhos não me largam, vivo em antecipação sempre como que querendo adivinhar e viver o meu próximo dia. E, quando acordo meto travões a um dia que na minha cabeça já vivi, mas que ainda não aconteceu.

Cheira-me a sardinhas, cheira a Verão. São duas e dezassete e tudo deixou a praia para assar sardinhas com sal grosso das salinas da Ria Formosa.

Simples bem simples, como todas as coisas boas da vida. Sardinhas a 3 euros e meio por um quilo vendidos por uma senhora de chapéu Lacoste com um peixe encrostado chamando a atenção para o seu tamboril mais fresco que o da peixeira vizinha. Cheira-me a sardinha, batata cozinha com pele e salada de tomate com cebola, orégãos e muito, muito azeite. Falta o pão que chega agora quente da praça. Pão algarvio, salgado e amargo. Pão que sabe a mar com que comemos as sardinhas sem talheres. As espinhas não importam, até porque se ficar uma entalada basta comer um pedaço de pão e engolir, engolir até a espinha se perder e desfazer entre o miolo mastigado do pão mais saboroso que há.

Há comidas que sabem a memórias e têm a tendência de nos fazerem lembrar felicidades vividas. Não há só uma felicidade, há muitas. Essa refeição tão simples lembra-me os meus dois sítios preferidos, Lisboa e Algarve. Quando mastigo o tomate com orégãos estou no Algarve, independentemente de geograficamente estar lá ou não. Quando mordo com vigor a côdea teimosa desse pão amargo estou de férias, apesar de saborear essa côdea e miolo em Londres. Quando como sardinhas, o sangue Lisboeta acorda e corre mais forte pelas sete colinas das minhas veias, para cima e para baixo.

Sinto Lisboa em mim como um Fado mudo.

Agora brilham-me os olhos e não sei porquê. É tal o amor ao lugar que me viu nascer, numa Primavera não sei se solarenga ou chuvosa, num Abril de águas mil, que me estrelam os olhos. Enfim, Lisboa é assim.

Voltando às comidas hoje foi salada de tomate com cebola e orégãos, pimentos assados primeiros às escuras junto com as sardinhas no carvão, cujo cheiro teima em ficar nos cabelos, azeite e vinagre. Vinagre tem aquele sabor que quando provamos quando somos crianças não esquecemos mais e não sabemos se gostamos ou não, até porque é um sabor esquisito.

A minha mãe ainda hoje não gosta de temperar a salada, mas para mim tomate e alface sem tempero sabe a mar sem sal. O sal mais forte da água de Cabanas de Tavira. Quando mergulhei fui ingénua ao ponto de pensar que todos os mares tinham o mesmo sabor. Acho que já não me lembrava que num só mar há vários mares, vários gostos, tal como num amor há vários amores, mas todos são uma só prosa.

Mergulhei com a boca tão aberta que foi como engolir uma batata frita cheia de sal grosso, mas a expressão na minha cara, apesar de ter sido de surpresa, foi de alegria. Alegria tal que saí a correr do mar muito contente gritando às minhas amigas “o mar aqui é muito mais salgado, o mar aqui é muito mais salgado!!”. Umas ficaram surpreendidas e acompanharam-me na minha alegria e quiseram provar esse mar que eu descrevia com tamanha exaltação. Saltaram das toalhas de riscas coloridas tão típicas das famílias portuguesas e avançaram até ao mar, querendo também elas saborear esse sal que se agarrava à minha pele secando-a. Quando o sal se agarra ao nosso cabelo torna-o seco e crespo, grosso e impossível de pentear. Adoro.
Numa dessas noites desse Verão tão bonito estivemos as três debaixo das estrelas. Guiámos e encontrámos poesia, quando pensei ir encontrar apenas uma esplanada à noite perdida num Sul mais rural, de costas voltadas para o mar.
Encontrei poesia e escrevo. Fomos à procura de um lugar onde uma de nós já tinha estado e ela garantia-nos que adoraríamos esse lugar. Esse lugar jogou às escondidas connosco e quando já tínhamos desistido de o encontrar, parámos o carro. E aí... poesia escreveu-se em forma de um céu mais estrelado que qualquer planetário que tenhamos visitado em crianças com a escola.

O carro parou quase que por instinto e as portas abriram-se. Não sei que horas eram, mas já era o dia seguinte. Deitámo-nos na estrada perdida num Algarve campestre, estendidas paralelas ao mar e de olhos apontados ao céu.

Estendemo-nos paralelas ao mar prolongando-o campo adentro. De repente, era como se fosse dia outra vez e uma declaração de felicidade tivesse sido assinada pelas nossas seis mãos. Foi uma declaração de amor que o céu nos deu. As estrelas, cobertas de vaidade, não nos deixavam ver o azul marinho do céu, mas nós não nos importámos. (As estrelas eram mais verdadeiras que qualquer dúvida que tu tenhas minha querida. Esquece as dúvidas e abraça forte o que é real).
Ali ficámos e, posso dizer que nunca vou esquecer aqueles minutos que não contei, mas que tenho a certeza terem sido mais que muitos.
Daí entrámos no carro outra vez e, como que, por iluminação achámos o tal lugar que procurávamos. O cheiro, que mais tarde descobrimos ser duma planta chamada Dama da Noite, cobriu-nos e é realmente incrível pensar que durante aquele dia e noite nunca estive descoberta.

Ao longo do dia o sol abraçou-me e beijou-me tornando a minha pele mais morena ainda, tal como eu gosto, deixou-me a pele seca a precisar do mar. O mesmo mar que me molha, mas que passados dois minutos de o deixar me seca a pele, amargurado por o ter deixado e implorando que lá volte.

O mar no Verão é particularmente viciante, porque mal de lá saimos é tal o calor que sentimos que queremos mergulhar outra vez, como se de um sonho lindo se tratasse. A parelha entre o sol, que nos torra, e o mar que nos molha, torna o Verão numa ternura da qual nunca quero deixar de sentir falta.

(Nunca quero também deixar de sentir falta tua, da tua beleza. Não é fácil não pensar em ti, não quero.)
Há uma beleza no Sul que se prolonga não só pelas paisagens, calor ou comidas, mas porque as memórias doces são não só do passado, mas também perpetuadas por cada presente lá passado.

Podia falar das infâncias lá passadas, das adolescências, mas a verdade é que a cada ano que passa, que não podemos mais agrupar em idades chaves do crescimento, acrescento memórias boas que acontecem continuamente. Em cada é Verão é certinho ter algo para contar, mais uma beleza para descrever.
(A tua beleza, meu doce, é carnal e apetece tocar.) Apetece tocar, como me apetece agarrar o mar e levá-lo comigo no bolso. Por isso, gosto tanto do sal em mim, da pele a partir-se de tão seca que está. Só assim sinto o mar em mim quando dele estou longe.
(Quando estou longe de ti, sinto-te no cheiro que é só teu, mas que deixou rasto no meu olfacto.
Tu própria disseste ‘a minha cama cheira a ti, o meu quarto cheira a ti, aliás tudo cheira a ti’.)
A magia, a felicidade, o querer estar de férias ali nunca desaparece. É como uma amiga de confiança com quem podemos sempre contar. Uma amiga que nos liga sempre, que está ali de braços abertos desdobrada num rectângulo de País. País este desdobrado como um ‘quantos queres’, onde cada número é uma coisa boa, aquecido por um sol teimoso e coberto por um oceano de diferentes sorrisos, ora calmo, ora bravo.
As pessoas de quem me rodeio também ajudam e prolongar essa beleza. Ajudam a tornar esse episódio numa novela interminável. É maravilhoso saber que há um lugar assim. Essas pessoas sentem o mesmo do que eu. Esse rectângulo abre os braços a todos e não pede nada em volta. Também não precisa, porque vicia e Verão após Verão tudo lá volta.

A ansiedade pelos meses de Maio, Junho, Julho e, o tão festejado por quem vive cá fora, lindo Agosto é enorme. Setembro é uma surpresa agradável, cheio de calor, cheio de calma, cheio de harmonia.
Nesse Verão que passou cada dia foi vivido sem horas. Só sabia que era o dia seguinte, porque quando lia o jornal a data era diferente. Quando vou de férias só sei que dia é antes de viajar e o dia antes de voltar de férias. De resto o que é verdadeiro não são as horas do relógio, a data dita em voz alta pelo pívot de notícias na televisão, mas sim as maresias, o sol e a lua.
(Bem sei como gostas da lua meu amor).
O sol encanta-me.

Sou filha feita num mês de Verão, nascida num mês expectante de calor e mangas curtas, nascida de um dia para o outro num fim-de-semana claro.


Idênticas 06.11.2010

Agarras os meus braços
e moves o meu corpo
na posição que queres,
que sabes
nos irá dar prazer.
A ti e a mim.
Eu faço-me mais leve
e deixo-me ir.
Nada na vida
é mais fácil
do que deixar
o meu corpo nas tuas mãos.
Nas tuas mãos
do tamanho das minhas,
surpreendentemente idênticas.
Aí não tens dúvidas
nem eu
nem receios
nem pudores.
Sinto esse calor
amor
e sei que tu também.

Tropeçam 06.11.2010

Um atrás do outro,
se não os escrevo,
tropeçam.
O medo foi embora,
ficou a coragem.

Foi a prova 06.11.2010

Explicaste-me
porque há electricidade
no coração.
Como acontece.
Mas não precisavas amor.
Quando nem tu
nem eu
esperávamos
houve choque
literalmente
um choque
físico
que ambas sentimos
e surpreendidas ficámos
com tal intensidade.
Caminhávamos lado a lado
e foi forte.
Foi a prova amor
que não precisava.

Um querer 06.11.2010

Um sentimento
que não tem razão de ser
a não ser
um querer muito forte
um querer-te.
corpo
o teu.
beijo
o nosso.
coragem
a minha.
Assim o espero.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Para ti... 21.10.2010

Para ti

Gosto de ti.
A língua que o teu corpo fala
diz-me aquilo que os teus lábios
mostram apenas com beijos.
Palavras
são mais que apenas sons.
O teu olhar, o teu abraço forte
o meu corpo apertado pelos teus braços morenos
num abraço que, sei agora,
nenhuma de nós quer que termine.
Quero-te assim confiando em mim
confiando que sempre que me agarres
eu te agarrarei de volta suavemente
O que se passa entre nós é verdade
e autêntico
e, por isso, é tão fácil escrever.
Encosta como fazes sempre
o teu rosto nu ao meu corpo
agora tão moreno quanto o teu.
O teu corpo lindo.
Procura a minha mão, como o fazes sempre
na multidão, dizendo que me queres ali
a teu lado
sem querer saber de nada
ou de ninguém.
Ao desejo que tenho por ti
dou o meu todo.
Sinto que um pedaço do meu coração
fugiu para dentro do teu
e no seu lugar está um pedaço do teu...