domingo, 13 de janeiro de 2013



Benfica-Porto 13.01.2013

Hoje é dia de Benfica-Porto. Leio os jornais e as primeiras páginas são um desfilar de personalidades, sempre as mesmas, supostamente entendidas em futebol. O engraçado é que muitas dessas personalidades são também especialistas em muitos outros assuntos. É comum a mesma pessoa que opina sobre bola ser a mesma que ao Domingo à noite nos elucida sobre a política externa. Será que é mesmo como diz a minha mãe ‘ó Filipa, mas não vês que este país é muito pequeno.’? Pois eu não sei, mas para além disso os tempos passam e as pessoas que opinam nos jornais desportivos não mudam e no caso do futebol não mudam mesmo, porque é um tema dado ao fanatismo onde as cores clubísticas são as mesmas ao longo da vida. São comuns os almoços entre duas personalidades da sociedade, ora um do Benfica outro do Porto e assim se gasta uma página do jornal. Estas duas pessoas normalmente posam brindando ao sucesso de futebol ‘Espero que no final seja o futebol que ganhe e não se fale de árbitros, nem de dirigentes!’. Sim senhora, mas são estas mesmas pessoas que no dia a seguir escrevem nesses mesmos jornais a criticar as decisões dos árbitros e os discursos dos dirigentes. Quem lê A Bola, o Record e O Jogo como eu, sabe quem são estas pessoas. Falta poesia no futebol, falta sentimento nas palavras. Falta aquilo que o Alan Kardec exprimiu quando marcou o seu golo contra a Académica: emoção. Eu sou do Benfica, toda a gente sabe disso. Custa-me escrever sobre outro clube, sobre outras cores, mas consigo que uma pessoa que não gosta de futebol goste de ler os meus textos sobre esse assunto. Será assim tão difícil entrar no mundo da escrita futebolística? Será que por não ser ‘famosa’ em outras áreas da sociedade, sendo a advogada de alguém conhecido ou médica de um ex-Presidente não tenho direito a publicar o que escrevo? É comum e aceitável em Portugal, assim que uma pessoa é reconhecida numa área, como a comédia por exemplo, ser-lhe dado espaço de escrita num jornal desportivo. Em Portugal parece que é exigido a uma pessoa que seja boa em tudo e assim que é boa numa coisa a sua opinião é escutada em todos os assuntos. E ganha valor porque foi dita por aquela pessoa. Faz sentido? Não se pode escrever com a tal ‘emoção’ se não nos sentamos nas bancadas, se não vemos as partidas nos cafés por esse país fora, se não somos apenas mais um, neste caso mais uma. Eu fui a Olhão ver o Olhanense-Benfica e é uma experiência que recomendo a qualquer um. Não há tecnologia há dizer-nos quantos minutos faltam para o final da primeira parte, não há ecrãs gigantes com apresentação de jogadores e estatísticas, não há muita coisa, mas há muitos benfiquistas emocionados por verem o seu Benfica na sua terra. E que terra é Olhão! Também há muitos adeptos, claro do Olhanense e do Olhanense apenas. Aliás este é um fenómeno que tem crescido em Portugal, o de apoiar a equipa da terra e não um dos grandes. Em Inglaterra isso é comum, uma das razões pelas quais estão os estádios sempre cheios. Mas isso é assunto para outro texto. Hoje é dia de Benfica-Porto e não gosto de falar antes, mas não há sentimento como este que antecede um clássico destes. É muita emoção… Outra vez a emoção…

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